segunda-feira, 26 de outubro de 2020

 Não se condena alguém em ser bom ou ruim

É no chamar a agir que a compostura é revelada 

Porque a inciativa é mais instintiva que planejada

E quem realmente se é vai além de expectativas ou discurso moral


Atento ao fato de que tudo muda o tempo todo 

Seja consciente 

Somos interdependente 

Uma hora é você que oferta 

Na outra, você que procura

 Vejo beleza quando enxergo com os olhos do coração 

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

 Mulher é Lua

É a santíssima trindade das deusas

Em sua juventude

Maturidade

Senilidade

- Desfrute suas fases 

 A gente alucina com drogas

Porque a dose de amar 

É mais forte

Do que qualquer corpo sóbrio 

É capaz de suportar 

 Alerta para a subtração

Que leva à soma injusta

Pois nem sempre dividir

Trará o efeito multiplicador 

Já reprimi
Já omiti
Já neguei
Já me escondi
Por medo e por dúvida

Já chega!
Sem essa de ficar reticente
Sem essa de deixar acontecer naturalmente

Nem o espaço é passivo
Quem dirá uma sujeito feminino
Na virada de um século fodido
Que ao mesmo tempo que se corporifica
Se reafirma
Bota a cara
Não pra levar tapa
Mas na busca
De sentido no que quer que faça

 Que seguir o instinto seja a escolha mais racional


 Temos pensamentos tortos para histórias inacabadas

Pois os fins são exaustivos, assim como os sucessivos recomeços

E mesmo com a voz da intuição gritando, insistimos

Mas uma tentativa só é um erro quando achamos que algum começo está no outro

O ponto de partida sempre estará em nós 

 Quem eu sou? 

Eu sou muito

Eu sou tanto

E mudo

De vontade

De lugar...


Não fico onde não me sinto amada

Ou não possa amar

Estimo os vínculos

Mas receio que a minha liberdade eles possam privar


Me abdico de julgar quando percebo que somos bem

Mas também somos mal

E que sempre dá pra melhorar


Já não sou ingênua

Nem tampouco vulnerável

Já não rio de qualquer piada

Nem alimento amizades que me embrulham o estômago


Não confundo mais respeito com submissão 

Comecei a me amar

E me amando, fornecido o meu melhor a quem sabia desfrutar

Eu estou em primeiro lugar



 Apago 

Os rastros

Dos seus passos

Pra não ter

Como voltar 

Não dá para manter a rigidez quando se tem um magma de sentimento borbulhando no peito
Deixo a convecção agir, queimando, derretendo...  
Há de solidificar
Se metamorfosear
E virar magma novamente
- O ciclo das rochas

 Pinxo

Logo existo 

Morada

Ora conforta

Ora sufoca

 Há valores inquantificáveis 

 E não se pode reclamar

Quando o concreto soergueu

O teto implacável ofuscou a luz do sol

E confiscou a brisa do mar


Cidade à parte

Anos depois, ora pois

"Revitalizar!"


Teto à baixo

Poeira pra todo lado

"Remoções já!"

 Morto.

Enterrado.

Ressureição!

- Coração

 Fica

Finca

E não solta nem com furacão

- Talvez eu seja o furacão

 A justiça não é cega

É cínica

 Desejo desapegar do apego

Das possessões que ancoram e nos impedem de navegar

O Universo é muito grande

E ele não é de nossa posse

Mas quem nós somos

Nessa e nas outras vidas

E vai além


O que nós somos

Costuma ser o que nosso ego é 

Vícios, mágoas, defeitos...

Então não tem jeito?

O próprio conflito dá a resposta:

A vontade de mudar


Quem sou não me basta

Quero ser cada vez menos eu

Quero que a imagem associada ao corpo

Se desfigure

E dê lugar não ao que possuí 

Mas aos sentimentos que despertei

Que não cabem num só corpo

E talvez seja necessário outros tantos

Até encontrar o caminho da iluminação

domingo, 4 de outubro de 2020

 Você sofre 

Quando se apega a algo 

Que naturalmente 

É inconstante 

É mutável 

E finito

 A pessoa que mata 

Já morreu em espírito 

 Apatia 

É se isentar 

 O sol ilumina 

Mas queima 

 Nem toda linha é reta

Nem toda regra é justa 

Nem toda rede agrega 

Nem toda paixão é curta


 Aceitar que algumas coisas fogem do seu controle 

É libertador 

 Se volto 

É porque te amo 

 Podia ter dado errado

Mas deu certo 

Só descobri depois que fiz 

 Qual é o meu lugar 

Se sinto que pertenço a tudo? 

 Prepotentes

Esses arranha-céus

No máximo

Fazem cócegas

- O céu não tem limites

 Quando a poeira abaixa

Quando cessa a noite errante

Ou certeira

Quando as lágrimas secam

Quando os sorrisos tremulam e dão rugas

Quando a folia acaba e o corpo extenua

É aqui que acho acalanto 

Descanso


Suspiro

Relaxo

Encontro

Profundo

Saturno

Nos anéis me fortaleço

Outro dia

Continuo 

 Haverá um tempo

Que perceberemos

Que não havia tempo demais

Pra perder tempo

Com coisas banais

Com sentimento fugaz

Com energia que se esvai

E te deixa vazio

Vazio de alma, de espírito


Haverá um tempo que o prazer

Será sentar numa praça

Ler a seção de esporte

Emergir no momento presente

E abandonar os traumas

Nem que seja momentaneamente

E aproveitar o dia 

 Pequena e pura, doçura

Contraponto às situações lamentáveis que te cercam

Que me cercam

Mas tudo bem...


Eu e tantas outras estamos segurando os trancos

Ouvindo piadinha machista e problematizando

Rompendo relacionamento abusivo

Expondo e criminalizando o abusador


Ocupando espaços do fazer

Trabalhando 

Estudando

Para garantir independência, autonomia

Um sonho de liberdade


Para que o elo ancestral feminino se mantenha

E as mulheres passem a descobrir 

O poder imanente que habita em seus corpos e espíritos


E aquilo que nos ensinaram a aceitar, seja negado

Diante da consciência de que tudo que está posto

Ainda é pouco

Para a grandeza que nos compõe 

Equilíbrio dinâmico

Que inclui o caos

Não a ilusão do estático


A gente afunda

Emerge

Ressurge
Estremece


Inclui o bem e o mal

Pode acontecer de serem uma coisa só

Dada relativa perspectiva


Mas relativamente falando

Jamais melhor ou pior

É um constructo

Mantendo um continuum

 Passos certos em caminhos tortos 

 Convoque o seu buda e o seu samurai 

 O caos é construtivo 

 Entidade das ruas baianas, não

Entidade do mundo

Andarilho

Espalha palavra cantada

Esguicha seus baldes de tinta

Traça detalhe por detalhe com suas latas de spray


Geógrafo do sertão

Ando andou andou

Até a sandalinha de couro arrebentar

Pra mostrar pras meninas da cidade

Que a beleza do mar

É mais bem apreciada

Com o calor humano

Com o cheiro de dendê e peixe fresco 

Com o gosto de sal na boca

E com os ouvidos atentos às ondas do mar 

 Quem tem fome

Tem pressa

 Você pode ser o centro do seu próprio mundo

Mas o Universo contém você e todos os demais por inteiro 

 Altitude provoca vertigem

Implica na adrenalina 

Que é enfrentar o medo

O medo de altura

O medo de abandonar 

A falsa sensação de ter o controle

Do que sinto

Eu só sinto

E eu sinto muito 

 Família é motor, núcleo, base-sustento

Razão pela qual a gente retorna

Das aventuras longínquas

Das efemeridades mundanas-espirituais


É principal referência

De como agir, do que não fazer

Da força que habita

No sangue, no ser

No sermos 

 Não existe religião sem espiritualidade

Mas a espiritualidade paira sob qualquer religião

 A (re)descoberta do corpo

Advém do prazer

Sem depender do outro 

A integridade me perturbava, porque só conseguia concebê-la a partir de rigoroso valores morais.

Mas nem o próprio ser é capaz de se conhecer por inteiro, que seu caráter será testado a todo momento, que suas promessas perderão o peso.

E, portanto, é mais recomendável não antecipar o futuro de um presente que nem existe ainda.

A mesma história contada 10, 20, 30 vezes, perde a emoção...

O que faz mais sentido, para mim, é a construção. São os pedaços. As etapas. Os ciclos. A transformação.

Levará tempo, e ele me dirá mil vezes para ter paciência.

Me dirá para não ansiar em descobrir quem ou o que está à frente, mas perceber quem está ao meu lado e o que tenho agora.

Me dirá que, se não quero trilhar os mesmos caminhos, não poderei voltar atrás ou seguir pelas mesmas estradas.

Simbiose

Entre cada elemento vivo ou inanimado

Invisível ou tátil


Sinergia

Natureza destruidora

Reconstrutora

Inovadora


Do passado, ainda há marcas

Há mais do outro, da outra

Disso ou daquilo

Que você supunha


A força está em perceber

O que nos une

Não os que nos separa


Nossas marcas serão deixadas 

Por envelhecimento

Pelo tempo

Não por destruição 

Por dor, sofrimento

A onda que bate forte demais 
Pode te deixar sem chão

Perco o telhado
Contemplo a tempestade
As estrelas 
Com a mesma admiração 

O mesmo oceano que te afoga
Te mostra a cura
E ela é salgada
A partir do mar
Do suor
Das lágrimas

Talvez eu não esteja tão sozinha por dentro

Vou plantar acolhimento

E ver você crescendo em mim

 O chapiscado já é um acabamento

 Manusear a energia que vem de dentro 

Descobrir a sabedoria que vem de dentro

Escutar a intuição que vem de dentro

Transcender, transbordar

E se fundir com tudo que está afora

 Os opostos se distraem 

Vai passar
Mas vai fincar

 Daqui a gente não leva nada

Mas pode deixar 

 Sinto o Tim

Mas compreendo o Roberto


O comportamento desvairado 

Impetuoso 

De quem já virou calçada maltratada

Só restando a curtição


E de ainda ter uma vida inteira pra viver

Saber e escolher

O que é bom e o que é ruim

Antes do fim

 Entre dominantes e dominados

A suposta liberdade é limitada

A violência é contida por repressão

O próprio espaço construído é uma prisão

Mas também garantia


Bastasse romper as convenções

E a cena se animaria

E revertesse em drama


Assim, poder é um equilíbrio

Entre uma infinidade de desequilíbrios

Que só poderíamos imaginar

Talvez verificar

Se esse poder cessasse 

E outro tipo tomasse o seu lugar

O maior estado de entorpecimento é a sobriedade

É preciso ser consciente para ser são

Ao passo que estar lúcido é a verdadeira loucura

 Desejo que lembrem de quem eu sou quando não tenho utilidade Quando não tenho nada a oferecer