sábado, 26 de março de 2022

 Intimidade não é o sexual

Intimidade é confiança em me revelar


Tentei mostrar minhas outras camadas

Mas só me queriam disposta, exposta e positiva

E deixei de assumir essa perfomance

Em fingir conforto nessa roupa que me apertava 

Nesse desconforto emocional

Que já estava aqui 

Antes de qualquer um me desnudar


Sei o que fazer

Existem couch, psicológa, yogi 

E o limite chegou

Não tem mais conversa

A prática deve ter seu início

E eu dei os primeiros passos

Eles me levaram para um caminho

Solitário, mas autônomo

Que me responsabiliza

Mas me liberta

Do abandono emocional 

Não da minha família ou dos meus ex-namorados

Mas do meu para comigo mesma


E ainda tentaram me convencer do contrário

E quanto mais pressionada

Mais asco senti 

E isso me deu mais força

De impor um limite

E me expressar

Sileciosamente inquieta que estava

Retomei a direção, sem nem olhar pra trás

Cada um que tentou me sugar

Em usar da minha empatia para o seu próprio proveito


Me reconectei

Peguei meu escasso tempo

Como o maior tesouro que tenho

Para recarregar minha bateria social  

E usufruir com o meu bem estar

 E eu pude, enfim, sentir alívio 

Ao me ouvir falar das tantas dores

Com mais clareza do que angústia

Chorei por emoção, não por desespero

Senti a paz chegar com o desengasgo

As feridas que não só marcaram

 Mas sufocavam

Minha íntima palavra escrita

Quase sigilosa

Ganhou força com a minha voz

Entre os soluços de libertação

Dos traumas que me prendiam

Da possibilidade de tentar de novo

Ou começar o novo

Quantas vezes for

 Desejo que lembrem de quem eu sou quando não tenho utilidade Quando não tenho nada a oferecer