A função do banco é receber, transferir, acumular, depositar... A educação, em seu cerne, envolve passar adiante os conhecimentos adquiridos pelos docentes. Porém, seria de muita ingenuidade conceber esse canal de comunicação sem incluir o contexto do qual ele é impregnado, a começar pela própria formulação do currículo, quiçá nas metodologias utilizadas em sala de aula - não raro, tradicionais, centradas em reter, memorizar, de forma repetitiva e vertical, informações.
Diante disso, quão alienado e alienante é o processo de ensino e aprendizagem apoiado numa educação bancária, que, segundo Paulo Freire, projeta o educando como um recipiente vazio, passivo, suscetível a ser preenchido com o conhecimento que o educador detém?
Nessa dinâmica, não há questionamentos, conscientizações, tampouco o estímulo para que o aluno assuma uma postura crítica de investigar, relacionar o que é aprendido com o é vivenciado, concretamente. É, portanto, um caminho unilateral, entre o aluno, o oprimido, e o professor, o opressor, onde o fim é dirigido segundo o critério do segundo.
O professor, por sua vez, também está sujeito a uma estrutura de poder vigente. A obediência cega a um currículo orientado e construído politicamente é uma armadilha para realizar os fins ocultados nos meios, seja durante a Ditadura Civil e Militar, em 1964, seja em posturas recentes que desvinculam a educação da liberdade, da autonomia e da emancipação de todos os indivíduos, sobretudo dos educandos.
Posto isso, a criticidade acompanha a postura ativa de buscar respostas através dos questionamentos a partir de diálogos que extrapolam as paredes das escolas, os livros didáticos e os currículos pré-estabelecidos... Ao melhor buscar compreender a realidade que atravessa as relações entre docentes e educandos, maior a possibilidade de transformar meros conteúdos bancários em saberes práticos para a vida pessoal e coletiva, de forma significativa, sensível e realizadora.
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