Milton Santos, em uma entrevista de 97 no Roda Viva, sofrendo a provocação de um jornalista sobre a abstração da pobreza e pela generalização da sabedoria do pobre, responde, enfático: "o pobre é sempre sábio, porque ele conhece a experiência da escassez".
Numa sociedade excludente, se cria formas de se inserir, é um constante fazer criativo, não por opção, mas por necessidade, por sobrevivência.
A ideia de Milton de solidariedade orgânica só reforça essa força, essa sabedoria, porque nessa mesma sociedade desigual e combinada, todos somos interdependentes. Mais uma vez, não por opção, mas por necessidade. Um trecho da música do Criolo ilustra isso:
"Hoje eu vou comer pão murcho/Padeiro não foi trabalhar/A cidade tá toda travada/É greve de busão tô de papo pro ar"
Se a força braçal do pequeno produtor pára, por exemplo, tudo pára. Tá tudo interligado nesse grande sistema que é o espaço geográfico.
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