quinta-feira, 19 de setembro de 2024

 Desejo que lembrem de quem eu sou quando não tenho utilidade

Quando não tenho nada a oferecer

sábado, 24 de dezembro de 2022

Para cada pensamento niilista,

O existencialismo. 

Nada requer tanta criatividade

Logo respostas à realidade

Do que buscar sobreviver

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Angustiada com a ideia da obrigação 
Tomei a liberdade do "não"
E de todo "não" se abriram vários "sim"
E despertou algo além do senso do dever
O senso do desejo
Ainda que não sinta exatamente o que desejo 
Aqui e agora
Desejo ardentemente o que virá.
E me entregarei de coração aberto
Acolhendo risos e lágrimas
Chorando minhas alegrias 
Sorrindo das minhas dores
E seguindo olhando 
O aqui e o agora 
Como oportunidade

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Sempre odiei brigas

E nem por isso, deixei de brigar.

Os nervos aflorados, palavras que mais parecem tapas, socos e pontapés.

E nem assim, seja eu a que começava ou a que revidava

Nem assim

Parei de brigar.

Pela necessidade de defesa, usando de justificativa o ataque...

Sempre saía perdendo.

Se ainda fosse físico... sarava.

Mas a verdade é que toda briga deixou marca

Que talvez eu não merecesse o bem que me fizeram 

De que aquele ali não era o meu lugar 

E, pior, de que eu nunca fosse ser amada

A começar por eles

Justamente aqueles que rotineiramente brigava.

E cresci temendo brigas, evitandos brigas

E ao passo que crescia, percebi que de duas, uma:

Ou defendia o que acreditava, certo ou não 

- A questão era mais me posicionar, por identificação com um pensamento ou sentimento

Ou me calava, me corroendo em raiva ou tristeza por dentro.

Os dois eram nocivos. 

Escolher entre cuspir nos outros ou engolir o veneno.

Mas o pior das brigas sempre foi aquela sensação de chegar ao limite...

Que ironicamente, pra mim, sempre foi voltar do zero.

Seja com 13, 16 ou 23.

Em todo o conflito declarado, parecia que perdia.

Em tudo.

E me encontrava sozinha no mundo

Sem fazer ideia de como começar.

E é por isso que minhas crises vieram...

Porque elas trazem algo que tento maquiar com reafirmações de mérito, de auto-exigência nos mínimos afazeres e numa quase prontidão univeral...

Que não faço falta

Que sou descartável 

Que sou difícil de amar

domingo, 12 de junho de 2022

A morte da mãe-boa-demais

Uma mãe superprotetora zela pela sua cria, a priva dos malefícios do mundo

Mas assim como o bem, o mal ensina

Essa redoma acaba por trazer uma falsa sensação de segurança e proteção, mas é cômoda...

Deve seguir como uma boa menina, distribuindo "sim". "Sim"? "Sim!"

Pois a submissão é muito atrativa - principalmente quando se tira vantagem de tamanha condescendência

Assim, negiglencia a si mesma para não contrariar, para não ficar sozinha

Afinal, se sentir segura é essencial para caminhar

Onde já se viu andar no escuro? Não ter aonde e a quem se segurar?

Essa menina criada nesses excessos (ou ausências) não dá por si 

Que a partir dos riscos, se abre as possibilidades

E cada uma é uma oportunidade

De conhecer a si mesma diante da imensidão que comporta a força da psique intuitiva 

quinta-feira, 19 de maio de 2022

Com amor, Van Gogh

Entre a pobreza e a "loucura" (sem tom pejorativo), a fama que veio depois da morte, sem nunca ter vendido um quadro em vida, trazendo o impressionismo como apreensão sensorial da beleza, da angústia, da emergência que é sentir essa vida. 

A maior loucura do Van Gogh... cortar a orelha, ter ele mesmo ido para um sanatório, as aventuras afora pela vida boêmia não glamourizada (seus contemporâneos tinham vidas tão miseráveis e decadentes quanto)... talvez, talvez nem chegasse perto da real loucura que seria viver que não fosse da Arte

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Raízes de uma árvore com galhos a serem podados

Minha bisavó, talvez assim como a sua mãe, sofreu na vida, no interior, com muitos filhos e muita fome, viúva.
Minha avó veio pro RJ, já com alguns filhos, e também sofreu até ter uma casa confortável e um esposo que não a maltratasse tanto.
Suas 2 filhas mulheres, minha tia e minha mãe, até tentaram resignificar esse ciclo de dor, ainda que também sofressem. 
Minha tia teve mais sucesso. Meu primo já é pai, formou sua própria família, é aparentemente feliz, mental e fisicamente saudável...
Minha mãe é o lado mais dramático e catastrófico. E junto com algumas coisas positivas, no meio herdei a tendência de ser impulsiva e me isolar em situações de conflito, assim como a dificuldade de me sentir amada, porque muitas foram as vezes que me senti abandonada, inclusive por ela.
Do meu lado, ainda não consegui quebrar esse ciclo de sofrimento, mas tenho consciência dele, verbalizo sobre ele. E me agarro quase como uma religião a minha oportunidade de fazer diferente e de começar uma história de afeto, acolhimento, segurança e confiança 

 Desejo que lembrem de quem eu sou quando não tenho utilidade Quando não tenho nada a oferecer